O Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Educacionais Específicas do IFMG Campus Formiga (Napnee), dando sequência a algumas ações para a promoção da “cultura da inclusão” no campus, neste mês de dezembro, chama a atenção da comunidade acadêmica sobre outro dos transtornos específicos que dificultam o processo de aprendizagem de crianças e, também, de jovens e adultos: a discalculia.
No início do mês de outubro, o Núcleo sugeriu à comunidade acadêmica que assiste ao filme “Como Estrelas na Terra: Toda criança é especial”. No filme, além da dislexia, percebe-se outra dificuldade enfrentada por Ishaan Awasthi em seu processo de aprendizagem: a discalculia.
A Consultoria Inclusão em Foco define a discalculia como “um transtorno de aprendizagem causado por má formação neurológica, provocando dificuldade em aprender tudo o que está relacionado a números”. Por isso, uma pessoa com discalculia possui “(dificuldade em) identificação dos símbolos matemáticos; dificuldade para aprender a contar, medir e classificar objetos; costuma se confundir nas operações mentais e no entendimento de conceitos matemáticos”. Mais ainda, a pessoa com discalculia “escreve os números invertidos; (tem) dificuldade para seguir sequências numéricas; (elas) confundem números como sons similares; (e têm) dificuldade na aplicação de ideias matemáticas no dia a dia”.
O Brasil, como signatário da Declaração de Salamanca de 1994, uma Resolução das Nações Unidas que trata dos “Princípios, Políticas e Práticas na Área das Necessidades Educativas Especiais”, se comprometeu com o sucesso da escola inclusiva que, dentre outras ações estabelece que “escolas inclusivas devem reconhecer e responder às necessidades diversas de seus alunos, acomodando ambos os estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade a todos através de um currículo apropriado, arranjos organizacionais, estratégias de ensino, uso de recurso e parceria com as comunidades” (Seção III, 7).
Em matéria produzida pela TV UFMG, a neuropsicóloga Júlia Beatriz Silva diz que entre 3% e 6% das crianças têm discalculia. Ela ainda afirma que “o transtorno de aprendizagem é algo crônico (visto que) ninguém tem discalculia em um ano e cura”, para ela, os espaços educacionais precisam “pensar em estratégias compensatórias…(em que) o profissional, seja o professor, pedagogo, neuropsicólogo vai trabalhar com a criança para que ela consiga ter um desempenho melhor, mas não vai curar”. Por isso, quando alguém apresenta dificuldades de aprendizagem, é preciso identificar a causa: “Por que a criança está tendo dificuldade para aprender? É por que ela tem ansiedade matemática? É por que ela tem deficiência intelectual? É por que ela tem discalculia?” Por isso, Júlia Beatriz diz que identificar a causa do transtorno é “muito importante para um planejamento mais adequado...de uma intervenção que faça sentido para aquele caso específico”.
Essa reflexão proposta pelo Napnee-Formiga chama a atenção da comunidade acadêmica para a discalculia. Uma das causas das dificuldades encontradas no aprendizado das questões matemáticas pode ser este transtorno. Com essa reflexão o Núcleo quer mostrar aos integrantes do campus que é preciso respeitar a individualidade, promover ações adequadas para que, na instituição, todos sejam capazes de seguir desenvolvendo os estudos da melhor forma possível.
O Napnee também destaca que é importante que se aprenda a conviver, a se ver no outro e deixam uma mensagem escrita por Madalena Freire:
Eu não sou você
Você não é eu
Mas sei muito de mim
Vivendo com você.
E você, sabe muito de você vivendo comigo?
Eu não sou você
Você não é eu.
Mas encontrei comigo e me vi
Enquanto olhava para você.
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